Crônicas acadêmicas - João Pretório Celso, estagiário.
"João é estagiário de Direito. Hoje acordou atrasado porque às quintas-feiras, ao chegar em casa, vindo do escritório, ajuda o irmão mais novo com acórdãos na guitarra. Chegou à sala de aula em cima da hora, cochilou e o professor nem viu. O direito não assiste a quem dorme. No horário de almoço, antes de correr para o estágio, passou por uma agência dos Correios. Sua namorada estava chateada, pois ele passa tempo demais trabalhando, restando omisso quanto a suas preliminares. Então, resolveu intimá-la por carta enviada pelo correio, pois assim é mais romântico. "Só espero que não fique muito tempo na pilha da juntada", comentou ansioso com a velhinha que estava na fila. Após algumas horas de trabalho no escritório, João manifestou à moça da copa sua pretensão de obter café. Percebendo que a copeira, muito distraída, passou vinte minutos conversando com as colegas, teve de requerer que ela desse prosseguimento ao feito. Enquanto tomava o café, já de volta a seu computador, foi interrompido por sua mãe, que ligava para seu celular. Avisou que iria buscar o carro, cujo conserto estava concluso. Em réplica, João resolveu apelar e pediu à mãe que aproveitasse para também dar vista do orçamento do carro ao pai, como medida de segurança para evitar um litígio. Como é sexta-feira, João oficia os amigos, via sms, a fim de marcar uma audiência no bar. Faz um pedido liminar para ter carona, mas como essa é a vez de João ser o motorista, os amigos alegam ilegitimidade passiva. Contudo, por ainda estar sem a posse do bem, é deferido o pedido. João Pretório Celso, após tomar várias cervejas em local incerto e não sabido, enrola-se nas palavras. Balbucia aleatoriamente um juridiquês nada polido, é escrachado pela enérgica promotora de eventos, que não entendeu uma frase de seu longo relatório, e inferniza o dono do bar, que não gostou de seu parecer. Mais um dia de João Pretório Celso que se extingue sem resolução de mérito." Luiz Henrique Reggi Pecora e Ingrid Silva Pino, membros da Academia de Letras do Largo S. Francisco e acadêmicos do 4º ano da graduação em Direito na USP, turma 181
PUBLIQUE-SE, REGISTRE-SE, OPORTUNAMENTE ARQUIVA-SE. (hehehe)
Vanessa Klassen - 03/06/2011
"João é estagiário de Direito. Hoje acordou atrasado porque às quintas-feiras, ao chegar em casa, vindo do escritório, ajuda o irmão mais novo com acórdãos na guitarra. Chegou à sala de aula em cima da hora, cochilou e o professor nem viu. O direito não assiste a quem dorme. No horário de almoço, antes de correr para o estágio, passou por uma agência dos Correios. Sua namorada estava chateada, pois ele passa tempo demais trabalhando, restando omisso quanto a suas preliminares. Então, resolveu intimá-la por carta enviada pelo correio, pois assim é mais romântico. "Só espero que não fique muito tempo na pilha da juntada", comentou ansioso com a velhinha que estava na fila. Após algumas horas de trabalho no escritório, João manifestou à moça da copa sua pretensão de obter café. Percebendo que a copeira, muito distraída, passou vinte minutos conversando com as colegas, teve de requerer que ela desse prosseguimento ao feito. Enquanto tomava o café, já de volta a seu computador, foi interrompido por sua mãe, que ligava para seu celular. Avisou que iria buscar o carro, cujo conserto estava concluso. Em réplica, João resolveu apelar e pediu à mãe que aproveitasse para também dar vista do orçamento do carro ao pai, como medida de segurança para evitar um litígio. Como é sexta-feira, João oficia os amigos, via sms, a fim de marcar uma audiência no bar. Faz um pedido liminar para ter carona, mas como essa é a vez de João ser o motorista, os amigos alegam ilegitimidade passiva. Contudo, por ainda estar sem a posse do bem, é deferido o pedido. João Pretório Celso, após tomar várias cervejas em local incerto e não sabido, enrola-se nas palavras. Balbucia aleatoriamente um juridiquês nada polido, é escrachado pela enérgica promotora de eventos, que não entendeu uma frase de seu longo relatório, e inferniza o dono do bar, que não gostou de seu parecer. Mais um dia de João Pretório Celso que se extingue sem resolução de mérito." Luiz Henrique Reggi Pecora e Ingrid Silva Pino, membros da Academia de Letras do Largo S. Francisco e acadêmicos do 4º ano da graduação em Direito na USP, turma 181
PUBLIQUE-SE, REGISTRE-SE, OPORTUNAMENTE ARQUIVA-SE. (hehehe)
Vanessa Klassen - 03/06/2011
2 comentários:
Vanessa, que bom que você gostou do texto que mandamos para o Migalhas! Fiquei feliz de vc ter divulgado aqui.
Boa sorte com o blog!
Ingrid P.
Olá Ingrid!
adorei o texto, e é de ótima qualidade, me senti na obrigação de divulgar!
Parabéns...e quando tiver mais, pode enviar se quiser, que eu divulgo com certeza!
Até mais,
Vanessa.
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